A mestra Maria do Carmo Amorim é a quarta geração de uma família de mulheres rendeiras do município de Saubara. Ela nasceu em 16 de julho de 1947, na cidade que fica às margens da Baía de Todos-os-Santos, onde a tradição de “costurar a renda”, como se diz por lá, se instalou há mais de quatro séculos.
Conhecida também como Maria Rendeira, a artesã costuma contar que já na barriga da sua mãe se familiarizava com o fazer artesanal, ouvindo os sons, as cantigas dos bilros, tão característicos dessa produção. Aos 7 anos de idade, aprendeu os primeiros pontos e desde então se dedica a esta tradição e compartilha seus saberes com as mulheres da sua família e da sua comunidade.
Em 1992, formou a Associação de Artesãos de Saubara, que reúne mulheres que trabalham com duas tipologias: além da renda de bilro, o trançado de palha de licuri, também tradicional na região, que produz, esteiras, chapéus, bolsas, bandejas e outros utilitários. Seu trabalho é reconhecido mundialmente e já viajou até os Estados Unidos para mostrar aos alunos da Universidade da Pensilvânia como é possível trabalhar habilmente usando as duas mãos.
Para Maria do Carmo, a renda é como uma caligrafia, cada pessoa tem a sua própria assinatura. O diferencial do que se produz em Saubara está no material utilizado – uma linha fina em algodão – e na variedade de pontos que utilizam, que hoje são mais de cem.
Como toda mestra, ela diz que gosta muito de ensinar, tem paciência para transmitir o seu conhecimento e fica feliz quando suas alunas aprendem melhor do que a própria professora.