A mestra Raimunda Alexandria trança a palha do licurizeiro para manter uma tradição da cidade de Saubara, no Recôncavo baiano. Nascida em setembro de 1965, aprendeu o fazer herdado das indígenas tupinambás com sua mãe, Rosadília Alexandria, aos 8 anos de idade. Passado entre as gerações de mulheres, o trabalho com o trançado de palha divide o tempo de Raimunda com a mariscagem, uma das principais fontes de renda para as mulheres da região.
Participante da Associação dos Artesãos de Saubara, que reúne artesãs que trabalham com a renda de bilro e o trançado, Raimunda produz esteiras, tapetes, chapéus, bolsas, mocós de feira, utilitários domésticos, entre outras peças. A palha é extraída dos licurizeiros, palmeira nativa da região, que, depois de seca, é trançada sempre com folhas em números ímpares e costurada, dando forma aos diferentes produtos.
A tradição do trançado da fibra do licuri continua sendo passada entre as mulheres da família de Raimunda. Três das suas irmãs e duas de suas filhas também dão continuidade ao trabalho. Além disso, ela também já iniciou as suas netas no aprendizado. No início dos anos 2020, começou a dar aulas e hoje ensina a técnica nas escolas do município para crianças a partir de 10 anos e jovens. Sua intenção é que o saber ancestral do trançado da palha do licuri tenha continuidade.