Guilherme vive e trabalha cercado por histórias moldadas em argila, uma matéria que também deu forma à sua vida. Foi criado por Vitorino Moreira, um mestre da cerâmica com impressionantes 104 anos,
que lhe ensinou o ofício que viria a se tornar sua identidade. “Comecei muito cedo, na casa do meu pai de criação. O acabamento das peças, naquela época, era eu quem fazia”, relembra. Esse aprendizado não foi
apenas técnico, ele também carregava a responsabilidade de preservar um legado que atravessava gerações.
Hoje, Guilherme é reconhecido pelo trabalho com peças decorativas em alto relevo, revestimentos e, especialmente, pelo famoso boi bilha, criação original de Vitorino. “Produzir o boi é um processo de etapas.
Não dá para fazer tudo de uma vez. Você faz uma parte, espera secar, depois cola outra, e assim vai. São pelo menos cinco etapas até ele ganhar forma completa, com rabo, cabeça e tudo mais”, explica. Para ele, o
artesanato não é só produção, é paciência e precisão, características essenciais em um ofício onde o tempo do barro precisa ser respeitado.
Um marco em sua trajetória foi uma viagem recente ao Ceará, onde representou o artesanato de Maragogipinho na Feira Nacional de Artesanato e Cultura. “Nunca tinha saído da Bahia. Foi uma experiência única,
representar nosso trabalho e conhecer um lugar novo através do artesanato”, conta com entusiasmo. “O artesanato daqui não é só trabalho, é uma forma de vida. É isso que nos conecta ao território e às pessoas ao nosso redor”.