O início de Mestre Tutuna no artesanato foi muito semelhante ao de outros mestres locais. Observava os pais trabalhando com cerâmica, absorvendo os gestos e as técnicas no silêncio atento da infância. “Comecei olhando”, recorda. Primeiro vieram as pequenas peças, como as morangas. Depois, os desafios cresceram, levando-o a criar obras mais complexas, como o boi bilha, de corado na técnica da Tabatinga.
No passado, o artesanato em Maragogipinho tinha outro ritmo e uma outra logística. Ele se lembra das noites em que, após horas de trabalho modelando e queimando peças, ele e seu pai carregavam os saveiros com mercadorias destinadas a Salvador. “Trabalhávamos de manhã até de noite. Queimava, e logo botava no saveiro para São Joaquim”, relembra.
Apesar da simplicidade com que explica seu trabalho, Antônio Rafael é um mestre no ofício. Ele ensina o que sabe, mas de maneira espontânea. “Se meu neto chega, eu explico. Mostro o fechamento da peça, o acabamento.” E embora tenha dado cursos em algumas ocasiões, ele deixa claro que sua didática é mais prática, menos formal. Antônio Rafael também cita que as peças inicialmente eram mais utilitárias e que depois, com o tempo, passou a ter uma procura maior por peças decorativas.