Teófilo começou no artesanato ainda jovem inspirado pelo trabalho de seu pai. “Eu ia andando com ele, vendo como fazia. Foi assim que aprendi”, relembra. Essa convivência permitiu que ele absorvesse técnicas e conhecimentos essenciais do ofício. Quando seu pai faleceu, Teófilo já dominava completamente as etapas de produção e continuou a tradição familiar. Atualmente, o Mestre trabalha com seus sete filhos, transmitindo o que aprendeu: “Eu dou espaço para eles aprenderem, porque a vida continua”. E não por acaso, a sua olaria se chama “Pai e Filho”: “Nossa olaria se chama P ai e Filho , porque somos todos nós trabalhando juntos”.
Sua produção inclui peças variadas, desde moringas a objetos decorativos e utilitários. Ele destaca que atende principalmente a pedidos específicos dos clientes, adaptando-se às demandas: “Tudo que eu faço não fica no olaria. Enche os olhos do cliente”. Embora não tenha preferência por um único tipo de peça, ele ressalta a importância de criar com dedicação: “Quando a gente trabalha com amor, a peça fica doce”.
Mestre Teófilo acredita no futuro ainda mais promissor da atividade em Maragogipinho, mas enfatiza que é necessário evoluir constantemente. “Quem trabalha no torno e não procura evoluir, fica estacionado. É preciso melhorar o acabamento e inovar”. Ele também vê a prática artesanal como um exercício de paciência e renovação: “Nosso trabalho depende de uma mente fresca. Quando fazemos com carinho, a tendência é continuar por muitos anos”.
Com mais de 60 anos dedicados ao artesanato, Teófilo carrega consigo algumas histórias. Ele já viajou para diversas cidades para divulgar seu trabalho e chegou a receber um convite para ir à França demonstrar suas técnicas. O Mestre revelou o desejo de ter sido mecânico e os esforços que fez para aprender a profissão. Chegou a trabalhar também como ajudante de eletricista, adquirindo conhecimentos diversos que o levaram a ser conhecido localmente pela sua capacidade de resolver problemas.
De certa forma, se fizermos uma analogia, assim como um mecânico que desmonta, analisa e remonta peças compreendendo o funcionamento intrincado de cada elemento, no artesanato Teófilo desconstrói a forma em sua mente, molda a argila e a reconstrói em um novo objeto, dominando as engrenagens da criação. Talvez a sua paixão pela compreensão das engrenagens (a mecânica das coisas, dos objetos) o tenha levado ao trabalho manual para um exercício de criação que tem o entendimento do processo (do fazer artesanal) como elemento principal.