Nivaldo, com seus 72 anos, é um dos grandes mestres do artesanato em Maragogipinho, conhecido por sua habilidade no torno e pela criação de peças que preservam a essência da cultura local. Desde cedo, ele se dedicou ao ofício, aprendendo a modelar argila com seus pais. “Desde muito jovem, eu já sabia fazer peças”, relembra ele, destacando como a prática artesanal sempre esteve entrelaçada à sua vida familiar e comunitária.
Nivaldo produz peças decorativas e utilitárias, como panelas decoradas, pratos e objetos religiosos. “Sou preparado para qualquer tipo de peça. Coloco a argila no torno e digo: qual peça precisa sair daqui?”, afirma. Ele domina a produção de uma variedade de peças, desde as “peças turísticas” como bois e panelas decoradas até objetos religiosos para umbanda. Ele também destaca que suas técnicas incluem métodos tradicionais, como a aplicação de Tauá para dar brilho às peças, algo que ele retomou recentemente com grande sucesso: “Voltei às origens e o pessoal bateu palma”.
O mestre explica que em sua comunidade, a tradição do artesanato é passada de geração em geração. “Minha família toda fazia as peças. Eu comecei ajudando, levava as 300, 400 peças para a feira de Caxixi para comprar meus livros”, enfatizando a importância do ofício para o sustento familiar. Essa habilidade de moldar a argila em infinitas formas o impulsionou a buscar novos conhecimentos, como quando viajou ao México para aprender sobre o manuseio da argila e chumbo. Nivaldo conta que foi indicado pela associação para observar a realidade de artesãos mexicanos que estavam com dificuldades em exportar seus produtos para os Estados Unidos e Canadá, devido à presença de chumbo e trocar experiências sobre como Maragogipinho lidava com o tema. Na ocasião, ele foi homenageado pelo governo Mexicano e Unesco.
Para Nivaldo, o reconhecimento como Mestre Artesão representa um incentivo para continuar a se dedicar ao ofício e a transmitir seu conhecimento. “Só muda para mim é aquele empenho à vontade de se fazer mais”. Ele sonha em ver seus aprendizes se tornarem “bons alunos”, garantindo a perpetuação da arte em e o sustento da comunidade.